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No entendimento canônico, os povos que se reuniriam na torre elevada, com língua homogênea, foram punidos pela soberba de desafiar as prerrogativas divinas de habitar as alturas e de pretender a unidade. Terminaram condenados à dispersão e multiplicidade de línguas.

Invertemos o sinal da equação. Nada de castigo: a variação linguística pode ser interpretada como um das maiores riquezas da humanidade. A dispersão seria a condição para que o encontro de alteridades instale a vontade de entendimento – sempre incerto, claro.

Na Mostra deste ano, o CSD fará evidencia a multiplicidade de linguagens presente em nossas atividades. Em vez da curadoria que aproxima temáticas, alinhavando-as para serem apreciadas em relativa harmonia, optamos dessa vez pela cacofonia, pela dissonância, pela repetição, pela gagueira, pelo balbucio, pelo termos das linguagens imperfeitas – como devem ser todas.

Há lógica na desordem. Trabalhamos com indícios, frações, hipóteses, restos de certezas, cacos de dúvidas e os recompomos segundo nossos desígnios de significação. Alegorizar a narrativa de Babel contribui para esse esforço de construção de sentidos nos mosaicos que se insinuam desde as imersões investigativas que promovemos

26 | Outubro | 2019 - Das 10h às 15h