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Mergulho no “cosmos da tinta”: sobrevoos intergalácticos na USINA

Priscila Brito

Criança soprando bolhas de sabão

Estamos em busca de referências que ajudem a pensar uma concepção de educação e infância que crie condições para os alunos voarem. Foi catando livros na minha estante que relembrei o "Antropolíticas da educação" do Marcos Ferreira e Rogério Almeida. Este livro todo é muitíssimo interessante, mas o texto "Experimentação e brincadeira na educação infantil e ensino fundamental" é o que mais me toca.

Primeiro que em tempos onde memória e cultura viram cinzas, este artigo nos mostra a necessidade de uma educação mais sensível, que busca a construção cotidiana e infindável do olhar para si e para o outro, de construir memórias, de ater-se aos detalhes cotidianos que muito nos dizem...  O artigo começa fazendo referência a Manoel de Barros: "o verbo tem que pegar delírio". A palavra-poema-sensível é capaz de depor armas e levantar liras. Nos fazer voar. Quer delírio maior que  voar? Ícaro...

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Cita também a relação humana existente na escola. Relacionar-se com o outro é arriscar-se, é imprevisto e incontrolável. "Arriscar-se ao imprevisto da experimentação" como forma de construir esta relação sensível, sugere até uma "pedagogia do arriscar-se", que se concentra na imprevisibilidade do primeiro risco... o primeiro risco no papel, do amassar uma argila, do movimento da dança, da criação poética, do primeiro ato da brincadeira. É um tatear experimental que é indispensável para a livre expressão (que, de acordo com Mário de Andrade, acontece mais fortemente na infância, pois a criança ainda experimenta a totalidade sensível e aqui exemplificamos com Manoel de Barros que conta que as crianças escutam "a cor dos pássaros".

"Se criar é dar forma, dar forma não seria formar-se?" A experimentação não é fragmentada. Não há muros, fronteiras entre ciência, arte, filosofia, corpo... Como estamos experimentando principalmente no projeto que acontece às quintas feiras na USINA, quando criamos planetas, enquanto astronomia, arte, corpo e os diálogos/questionamentos mais filosóficos que existem se misturam. Mergulho no "cosmos da tinta", nas grandezas e detalhes do buraco negro, na construção de sujeitos críticos durante uma assembleia, nos cheiros, nos toques, no relacionar-se durante uma brincadeira. Olhar ao infinito as miudezas que são deixadas de lado são formas de levantar-se contra essa cultura apressada que vem aí se estabelecendo. Olhar afetuosamente, cuidar da memória é ato revolucionário nos dias de hoje. "O verbo tem que pegar delírio e florescer"... romper o duro/escuro da terra.

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Setembro de 2018

Quando o som convida ao silêncio: experiências que suspendem o tempo na USINA

Marina Sena

Corpo que arrisca,
Mão que rabisca.
Na ponta dos dedos,
Dedos das mãos, Dedos dos pés;
No ar que se prende,
No espaço onde se suspende,
Suspendem-se
os medos,
os ruídos,
a guerra.
Entre a ordem e o caos,
Entre a certeza e a incerteza,
Entre o permanecer e o cair,
Entre o andar e o voar,
Entre o saber e o desvendar,
Equilibrar.

Rubens Matuck, artista residente no início desse ano no CSD, nos ensinou que a semente concentra a potência da árvore. No Yoga, OM é o som do infinito, a semente de todos os outros mantras, que se revela como a potência do jardim se tornar caminho. Para entoarmos esse mantra é preciso sintonia com o espaço interno que existe em nós, onde o som irá vibrar. Os caminhos percorridos com as propostas de Yoga na USINA atualizam nas crianças a potência de uma tradição milenar que busca educar a atenção do olhar. Com olhos “cristalinos”, as crianças podem se tornar mais disponíveis para perceber o que é novo, encontrar o outro e a si mesmo a partir de lugares não habituais. Cultivar e imaginar jardins como aqueles que Rubens Matuck nos apresentou com sua arte.

A educação das sensibilidades faz parte, portanto, das investigações em Yoga na USINA. Um encontro que tem nos ajudado na composição desse trabalho foi com um instrumento sonoro chamado tigela tibetana. Essa tigela é usada na tradição do yoga e do budismo como um auxiliar para a meditação, e na USINA não foi diferente. Nossa tigela, apelidada carinhosamente por um grupo de meninos como “tigelinha verde”, tomou a forma de um convite-sonoro-ambulante. Quando ela ressoa, temos um sinal, um convite para a organização do corpo e para a escuta, uma preparação para desvelar posturas com força, equilíbrio e concentração.

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Gestos delicados que convidam o corpo a vibrar

Foram muitas as indagações a respeito do que é feita a tigela. Vidro? Porcelana? Descobrimos: é de metal! “E quando toca, ela arrepia”, disse Dora, de 4 anos, com a ponta do dedo na tigela enquanto ela ressoava.

Em suas experimentações, as crianças começaram a notar a complexidade implicada nos movimentos simples exigidos para tocar a tigela. Foi preciso perceber necessidade da preensão adequada tanto na tigela quanto em seu bastão, até conseguir fazê-la ressoar e repercutir o som no espaço e até mesmo em regiões, ou paisagens internas. Hoje já se escuta dizer: “quero ficar tocando isso sem parar, me acalma...”

usina 0030 2019

O silêncio concentra a potência do som

A tigela com suas reentrâncias também nos fez o convite para apreciar a pausa, o silêncio, a ação do “não-fazer”. Refletimos e vivenciamos a importância da suspensão do movimento, dos ruídos, e ativamos o pensamento com menos tensão. Ao relaxar buscamos o equilíbrio: yin e yang. Opostos que se complementam, claro e escuro, som e silêncio, movimento e pausa. “Para equilibrar, não pode pesar nem para um lado, nem para o outro”, disse uma criança do 2ºano. Parece que na USINA o equilíbrio é dinâmico, e juntos estamos descobrindo como cultivá-lo.

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O som vibra e se ajusta nos detalhes da postura do corpo

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Respirar fundo, contemplar o silêncio e buscar outra temporalidade

Descobrir e deixar se desdobrar. Aproximar mundos, formas de expressão e de significação. Trazer à tona os tons que mudam de entardecer para entardecer, valorizando o revelar, que é mutável, efêmero e singular, como palavras ao vento, como a vida e o tempo, OM.

Agosto de 2018

Ler 2024

O LER é um evento anual promovido pelo Colégio São Domingos especialmente dedicado à leitura e ao papel central que ela ocupa no nosso projeto de educação. 

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Políticas antirracistas - ações do CSD

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 O Comitê tem como um dos seus objetivos: formular, implementar e avaliar ações, numa perspectiva interseccional, de enfrentamento ao racismo institucional no CSD

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